segunda-feira, 25 de abril de 2011

A REALIDADE SOCIOESPACIAL DE JESUS PRESENTE NO NOVO TESTAMENTO: UMA POSSÍVEL INVESTIGAÇÃO GEOGRÁFICA




"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela."

As considerações a ser feita nesse pequeno ensaio, não tem como foco colocar em conflito a religião e a ciência, no caso, a geografia que é uma ciência recente. Nem tão pouco colocar a geografia como forma de dizer o que é certo ou errado e, analisar os preceitos de Jesus. O que se pretende neste momento, é perceber o espaço geográfico na contemporaneidade da vida de Jesus através da bíblia. Isso porque, o perfil da época, possibilita fazer aplicações de algumas categorias essenciais da geografia, ou seja, o poder referenciado no território, os sentidos concebido nas paisagens, e os sentimentos configuradas em lugares. Formas que fizeram partes da rotina de vida dos agentes diversos naquela sociedade.
Sabe-se bem que uma ruptura enorme no pensamento da humanidade ocorreu durante e depois de Jesus. Uma ruptura seguida de conflitos e opiniões complexas. De fato, antes de o nazareno entrar no contexto socioespacial da época, a sociedade na escala global (eurásia) apresentava-se em seguimentos propostos por Roma. Um território que exercia influência nas configurações espaciais em formas de leis e culturas. Apesar de o Oriente Médio (mas precisamente a Ásia menor), compor dimensões físicas diferentes, as dimensões humanas seguiam tendências homogêneas por parte de acordos que são “trato ou tratado feito entre pessoas, tribos, nações ou cidade-estado, em que ambas as partes assumiam certas obrigações”. (Bíblia sagrada, 2005, p. 1441). E é nesse parâmetro estrutural que Jesus passou a conviver de forma fragmentaria, isto é, não se esquivou diante das determinações sugeridas pelo Estado-nação (no caso Roma) como padrão de vida social. Passando assim, a praticar o que lhe foi proposto.
Referenciando o foco, podemos perceber que as categorias citadas no início deste texto, território, paisagem e lugar, são bastante expressados na Bíblia sagrada. Porém, se decodificarmos cada temporalidade e espacialidade vivida por Jesus, acabaríamos a chegar a conclusões além dessas categorias.
Deste modo, recortes como “Jesus no Templo”, possibilitam demonstrar a percepção da paisagem. Ou seja, o uso dos sentidos para conceituar a estrutura material e imaterial do templo. Uma estrutura que tinha como funcionalidade, agregar pessoas para promover orações. Uma paisagem concreta que passou por processos históricos ou rugosidades no sentido de espaços atuais em tempos diferentes (SANTOS, 1996).
O templo significou um refúgio para as manifestações. Ritmos, signos, sentimentos, emoções, paixões, entre outros, essenciais para surgimentos de identidades, algo fundamental para o sentido da vida. E nessa incumbência, a categoria lugar corresponde como uma expressão do vivido humano, um pertencimento, possibilidades de demonstrar o pensar e o ser. Outros lugares também podem corresponder dentro dessas perspectivas, podemos citar o palácio de Herodes, o rio Jordão, até mesmo o deserto onde João Batista pregava.
Por fim, o território. O sentido do mesmo está no momento em que se percebem estratégias de poder. Poder que não se dá somente para os militares ou chefes de Estados, mas também, por aqueles que desejaram sobressair das ordens impostas. As rejeições, por exemplo, contra os abusivos impostos e processos de aculturações, injetadas pelo império romano, são processos que denominam um poder de resistência social. A prática discursiva pregada pelos chefes dos sacerdotes, no momento em que pediram a libertação de Barrabás em troca da punição de Jesus, significa o quanto se constrói articulações em prol de interesses diversos. Territórios articulados e combinados, par perfeito para promover ordens tanto no religioso ou sagrado, quanto, no festivo ou profano, configurações presentes no tempo/espaço.
Para tanto, tivemos nessas considerações, uma possível investigação da sociedade contemporânea de Jesus cristo na forma de utilização dos conceitos chaves da geografia. Sendo assim, fica em aberto a conclusão da complexa percepção do espaço vivido e concebido por Jesus, desafio que se torna um fenômeno em processos dinâmicos.


Robinson de Souza dos Santos
Professor de Geografia da rede publica do Ceará
E graduando em geografia pela URCA
robinson.santos@yahoo.com.br

 

Um comentário:

  1. Caro Prof.: Robinson,
    O seu texto, alicerçado nas categorias greográficas - poder/território; paisagens/sentidos; e lugares/sentimentos - con-voca e pro-voca o leitor para uma nova e rica experiência hermenêutica seja da geografia, seja da vida e atuação de Jesus de Nazaré.
    Parabéns!

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