sábado, 9 de abril de 2011

"O NOVO PERFIL DO PROFESSOR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO"



Prof.: Epitácio Rodrigues

No Mês de outubro de 2010, uma revista de circulação no Brasil sobre o tema da educação escolar, apresentou o que seria o novo perfil de professor do século 21, organizado em seis tópicos bem distribuídos.
O primeiro tratava da necessidade de uma boa formação. O que significa ler constantemente sobre a sua área, ser consciente de que só a graduação já não é mais suficiente para as novas exigências da docência em sala de aula. Além disso, está comprometido e preocupado com a atualização.
A outra exigência é saber usar as novas tecnologias da informação como recursos pedagógicos, analisar os conteúdos adequados a cada tecnologia, sem, contudo, perder de vista que elas têm a função de mediadora do conhecimento e não um fim nelas mesmas, quando aplicadas como recursos didáticos.
Aparece ainda como exigência para o exercício da docência eficaz, o conhecimento das novas didáticas e diretrizes curriculares de forma mais precisas.
Uma quarta condição é saber trabalhar e planeja em equipe, valorizando as trocas de experiências exitosas para o enriquecimento da própria profissional.
Uma outra é planejar e avaliar constantemente o seu trabalho. O que se traduz em saber claramente o que deve ensinar, avaliar o conteúdo, a aprendizagem e as estratégias utilizadas na relação ensino-aprendizagem.
E, por fim, ter uma postura e atitude profissional. Noutras palavras, adotar atitudes que explicite seu investimento na aprendizagem do aluno, sua crença no potencial dele e, sobretudo, não perder a esperança com relação a ele enquanto ser em processo de formação. Aparece dentro dessa compreensão, a discussão de políticas públicas.
Quando olhamos mais detidamente, não há nada de novo nessa proposta. Na verdade, as seis características são exigências presentes desde quando a prática docente passou a ser pensada de forma mais sistemática. Todavia, a idéia nova e perigosa é a de que o sucesso do professor só depende basicamente dele. Penso, por exemplo, na condição dos professores da rede pública municipal e estadual que não contam com as condições adequadas para a realização do seu trabalho, que têm o plano de cargos e carreira, quando previstos, desrespeitado.
Penso também na condição sui generis desse profissional em algumas escolas nas quais a sua integridade física e moral são desrespeitadas pela indisciplina de alunos. Assim, estou convicto de que a profissão de professor, nesse novo contexto, exige também uma postura mais politizada e esclarecida a respeito de seus direitos, das leis que garantam a sua integridade física, que o proteja contra atitudes abusivas e assédio moral, por parte de gestores, agressões verbais e constrangimento público feito por alunos em sala de aula. E também pelas violações de seus direitos pelo próprio estado, que exerce uma cobrança de resultados e se omite na hora de ofertar de condições adequadas de trabalho. Além, de transferir ao professor a responsabilidade por resultados insatisfatórios, quando na verdade é seu papel implementar políticas educacionais de base, ao menos, minimamente pedagógicas.
Em suma, acredito que o professor da escola pública do século 21 precisa assumir o caráter político de sua profissão, para fortalecer a sua classe e resgatar o respeito do estado e da sociedade pela sua profissão. Em suma, o professor, para ser um profissional mais politizado, deve começar estudando o estatuto do magistério, do servidor, o estatuto da criança e do adolescente, as leis de diretrizes e bases da educação... Só para começar!!!

Um comentário:

  1. Muito interessante a observação caro Epitácio, aliás suas reflexões são muito pontuais e atentas,

    Essa noção de educação e as novidades do mundo do trabalho trazidas pela globalização são um massacre ao próprio ato educativo, uma negligência ao acúmulo teórico versado por século que reconhece o ato educativo como uma intervenção política na realidade, com isso, se política, nunca imparcial, ou pura, sempre aliada há uma racionalidade e um projeto de sociedade.
    E a prática docente, nesse contexto, aparece como a panacéia dos problemas educativos, e as novidades enlatadas como o remédio para o estímulo ao processo educativo.
    Sem se considerar a história da docência, suas limitações, estruturais, principalmente, e conduzindo-nos a uma visão parcelada da conjuntura educacional e da ação do Professor.

    Parabéns pela reflexão.

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